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Passei boa parte da minha infância na zona rural do interior de São Paulo. Ali, a precariedade da infraestrutura digital era cotidiana. Falar de acesso à Internet era falar de distância e de espera…

Eu me lembro do discador azul desbotado, o som metálico da conexão tentando se firmar… Era preciso insistir, esperar, tentar de novo… E eu só queria jogar. Aquilo me ensinou, sem que eu soubesse, sobre paciência; de certa forma, sobre exclusão; sobre o que era depender de uma estrutura que te prometia acesso, mas às vezes entregava incerteza. Me ensinou, principalmente, sobre o que era estar dentro e fora da rede ao mesmo tempo — técnica e simbolicamente.

Mais tarde, já na licenciatura, essa memória virou inquietação política. Comecei a me deparar com a emergência das chamadas "novas habilidades e competências digitais" nos documentos oficiais de educação básica — e percebi o quanto essa discussão ainda estava distante do chão da escola. O que me interessa, desde então, é pensar como essas diretrizes podem ser compreendidas com profundidade, de forma situada, e não como respostas apressadas a pressões mercadológicas.

Foi aí que me aproximei da governança da Internet. No primeiro ciclo do programa Youth do CGI.br, no ano passado, fui me envolvendo com temas como regulação de plataformas, infraestrutura da rede, inteligência artificial.

Ao mesmo tempo, eu fazia estágio no CEPTRO.br, com pessoas que dialogavam diretamente com o técnico em eletrônica que estava há muito tempo esquecido no meu ensino médio. Com uma curiosidade que aprendi a desenvolver graças ao coordenador do meu estágio, Eduardo, que sempre senti que via que eu tinha algo a dizer porque incentivava minha voz.

Com a coragem que esses espaços me deram, propus e moderei meu primeiro painel no YouthLACIGF, sobre conectividade significativa nas escolas rurais. E foi, do ponto de vista da minha ansiedade, assustador. Mas do ponto de vista da Anani que morou no sítio sem Internet funcionando direito, foi: obrigada por falar sobre a gente, por contar nossa história.

Levar esse debate para um espaço regional e internacional foi uma forma de nomear algo que me atravessa desde sempre.

E — se você ainda está aqui comigo — vim contar que fui selecionada para os eventos FIB 15 e IGF Norway 2025, nesse segundo ciclo do programa Youth. Essa, portanto, será minha terceira participação consecutiva em espaços formativos da governança da Internet e significa, pra mim, reencontrar um norte.

Há dois anos venho transitando entre dois campos que, a princípio, pareciam distantes — a sala de aula e o universo digital — mas que hoje compreendo como profundamente entrelaçados quando o assunto é cidadania.

Então, levo comigo o compromisso e a enorme responsabilidade de inspirar outras pessoas, educadoras e jovens de escolas públicas, a se sentirem parte dessas discussões. Porque a Internet é também uma questão atravessada por histórias e tentativas de pertencimento.

A gente se vê no FIB 15 e no IGF Norway!




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