Dá pra ter uma rede verde de verdade? [Youth Brasil 2025]
De vez em quando, algumas pautas ganham holofote e, depois, somem. Sustentabilidade na Internet me parece ser uma delas. Os fóruns globais (CMSI, IGF, NETmundial, NETmundial+10) até mencionam desenvolvimento sustentável, consumo energético e descarte eletrônico, mas nada que tenha a força dos debates sobre inclusão, regulação de IA ou direitos na rede. É só olhar para a quantidade de vezes que "sustentabilidade" aparece nos documentos: das 140 páginas do CMSI, ela aparece 5 vezes, e nas 468 páginas do IGF, 22. Dá pra dizer que é prioridade?
Porque, por mais etérea que pareça, a Internet precisa de estrutura de alto custo – de energia, de recursos naturais, de descarte. Data centers funcionam 24/7, sugando eletricidade. A expansão da conectividade significa mais cabos submarinos, mais dispositivos, mais lixo eletrônico descartado sem controle.
No IGF, discute-se economia circular e pegada de carbono do setor digital. Mas como incentivar pequenos provedores a serem sustentáveis sem alto custo? Os grandes players globais estão, de fato, comprometidos ou a pauta verde da Internet é só marketing ambiental?
O Brasil tem experiência puxando discussões importantes na GI – será que essa não deveria ser mais uma? Já tivemos o Marco Civil, o NETmundial, o modelo multissetorial do CGI.br. E se pensássemos a Internet sustentável como um princípio tão forte quanto a neutralidade da rede?
Dá mesmo pra ter uma Internet verde ou só estamos empurrando essa conta para o futuro?
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